Com a eleição presidencial dos Estados Unidos se aproximando, as propostas de Donald Trump e Kamala Harris para o setor agropecuário ganham atenção não apenas dos eleitores americanos, mas também de países com forte vínculo comercial com o país, como o Brasil. Com um em cada cinco americanos vivendo em áreas rurais, o agronegócio é um tema central para a eleição, e as visões conflitantes dos dois candidatos para o setor podem gerar impactos significativos no comércio global de produtos agrícolas.
Trump: Menos Regulação e Mais Liberdade Econômica
O ex-presidente Donald Trump tem se posicionado como defensor de uma abordagem de mercado mais livre para o agronegócio. Ele acredita que menos intervenção do governo e a redução das regulamentações podem estimular o crescimento do setor. Entre suas propostas estão a reconfiguração do papel do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), com o objetivo de diminuir sua função regulatória e eliminar legislações que possam restringir a produção de alimentos. Trump também é um entusiasta do uso de novas tecnologias no campo, defendendo a liberação de inovações que possam aumentar a produtividade agrícola.
Porém, sua agenda apresenta lacunas no que diz respeito a questões ambientais e de justiça social, com críticas a sua postura em relação à igualdade racial e ao enfrentamento das mudanças climáticas. A sua postura protecionista também tem sido uma característica marcante, com destaque para a guerra comercial com a China, que pode ter impactos significativos para os países produtores de commodities agrícolas, incluindo o Brasil.
Harris: Sustentabilidade e Apoio aos Pequenos Agricultores
Já a candidata democrata Kamala Harris traz uma proposta mais alinhada com a continuidade das políticas da atual administração Biden. Embora a plataforma de Harris ainda não tenha sido completamente detalhada, espera-se que ela priorize iniciativas voltadas para a sustentabilidade e a inclusão dos pequenos produtores no setor agropecuário. A proposta inclui maior apoio a pequenos agricultores, com a ampliação de subsídios e melhorias no acesso a serviços de saúde para os trabalhadores rurais.
Além disso, a preocupação com as mudanças climáticas estará no centro da agenda de Harris, refletindo uma visão mais ampla de transição para energias renováveis, como os biocombustíveis. Essa orientação pode ampliar a demanda por soja e outros produtos agrícolas, principalmente para a produção de biodiesel, um setor em que o Brasil se destaca globalmente.
O Impacto para o Brasil e o Mercado Global
As visões contrastantes dos candidatos sobre o setor agropecuário têm o potencial de afetar diretamente o Brasil, grande parceiro comercial dos Estados Unidos no setor de grãos. As políticas protecionistas de Trump, que incluem a imposição de tarifas comerciais e um foco na autossuficiência alimentar dos EUA, podem beneficiar o Brasil, já que uma menor produção americana de grãos poderia abrir espaço para o Brasil consolidar sua posição como principal fornecedor para mercados como a China. No entanto, a continuidade de uma política voltada para a sustentabilidade e energia renovável sob uma administração de Harris pode gerar uma demanda crescente por produtos agrícolas brasileiros, especialmente para atender ao setor de biocombustíveis, o que pode beneficiar as exportações de soja.
Em ambos os cenários, as políticas de cada candidato terão repercussões para o agronegócio global, refletindo o equilíbrio entre a busca pela produtividade e o crescente foco em sustentabilidade. Para o Brasil, as mudanças no cenário político dos EUA podem significar novas oportunidades, mas também desafios, dependendo do rumo que a eleição tomar.
Rural e Urbano: O Papel Decisivo do Setor Agropecuário nas Eleições dos EUA
Com uma população rural ainda muito relevante nos Estados Unidos, as propostas para o agronegócio têm peso importante na decisão de voto, especialmente em estados-chave, como Iowa, Wisconsin e Ohio. O apoio ao setor agropecuário, que enfrenta desafios como a volatilidade de preços e a pressão ambiental, pode ser decisivo para conquistar os eleitores indecisos. A disputa entre Trump e Harris, em uma eleição que promete ser uma das mais acirradas da história, coloca o agronegócio no centro das discussões eleitorais, com implicações não apenas para os Estados Unidos, mas para a economia global, particularmente para os países exportadores de produtos agrícolas como o Brasil.
Conclusão
As propostas para o agronegócio dos candidatos à presidência dos EUA em 2024 apresentam visões antagônicas, com Trump defendendo um modelo mais liberal e sem grandes regulações, enquanto Harris foca na sustentabilidade e apoio aos pequenos produtores. Para o Brasil, as diferenças entre os dois candidatos podem representar tanto oportunidades quanto desafios no comércio de produtos agrícolas. A definição do próximo presidente dos Estados Unidos, portanto, será um marco para o futuro do agronegócio global, com reflexos diretos no Brasil e no mundo.