
O Brasil vive um alerta vermelho na saúde do trabalhador. Somente em 2024, quase 500 mil profissionais foram afastados por transtornos mentais, como ansiedade e depressão, segundo dados do Ministério da Previdência Social. O número representa a maior alta da última década e escancara uma crise silenciosa que se alastra nos ambientes corporativos.
Diante desse cenário, o governo federal estabeleceu, desde o dia 28 de maio, novas diretrizes obrigatórias para o cuidado com a saúde mental nas empresas. A medida reconhece o sofrimento psíquico como um risco ocupacional e obriga os empregadores a adotarem ações preventivas eficazes.
Entre as exigências, destaca-se o respeito ao direito à desconexão – uma prática que limita contatos profissionais fora do expediente, garantindo períodos reais de descanso e recuperação emocional aos trabalhadores.
Apesar das sanções por descumprimento começarem apenas em 2026, especialistas recomendam que as empresas iniciem imediatamente a adaptação de suas culturas internas. A construção de ambientes saudáveis, acolhedores e produtivos torna-se essencial não apenas para o bem-estar dos funcionários, mas também para a sustentabilidade dos negócios.
Ambientes emocionalmente seguros
Para o psiquiatra Dr. Gustavo Carvalho, a regulamentação é um passo importante no combate ao adoecimento mental no trabalho.

“As empresas não podem mais ignorar o impacto que o ambiente corporativo exerce sobre o bem-estar psicológico de seus funcionários. O burnout, que leva a sintomas ansiosos e depressivos, não é sinal de fraqueza”, afirma. O especialista destaca que o cuidado com a saúde mental vai além de campanhas pontuais. “É preciso oferecer acolhimento psicológico contínuo, treinamentos de liderança empática e garantir que os colaboradores se sintam emocionalmente seguros para exercer suas funções.”
Tendência global
Com a nova regulamentação, o Brasil se junta a países como França, Espanha e Canadá, que já possuem legislações voltadas à proteção da saúde mental no trabalho. A iniciativa reforça uma tendência mundial que reconhece o tema como pilar central da sustentabilidade corporativa.
A expectativa é que, ao priorizar o cuidado com o emocional dos colaboradores, as empresas também colham benefícios como redução de afastamentos, aumento da produtividade e melhora no clima organizacional.
A saúde mental, antes vista como tabu nas empresas, passa a ocupar o centro da gestão de pessoas – e ignorá-la, agora, pode custar caro.
Por: Warley Costa | Portal Imediato.