Servidores de Araguaína entram em estado de greve contra mudanças propostas pela Prefeitura

Os servidores da Prefeitura de Araguaína entraram em estado de greve em resposta ao projeto de lei complementar nº 048/2024, que propõe alterações no Estatuto dos Servidores Municipais. O projeto, que tramita na Câmara de Vereadores, já foi objeto de controvérsias por conta de suas implicações financeiras e sociais.

A proposta da Prefeitura inclui a redução do adicional por tempo de serviço, conhecido como “quinquênio”, de 10% para 5%, além do fim de benefícios como licença-prêmio e abono salarial. Segundo os sindicatos, essas mudanças impactam diretamente os direitos conquistados pelos servidores.

Os sindicatos do Fisco Municipal (Sinfar) e dos Servidores do Município (Sisepar) já apresentaram propostas de emendas ao projeto e exigem um debate mais amplo com a sociedade antes da sua aprovação. Eles criticam a justificativa da Prefeitura, que alega o ajuste fiscal como motivo para a proposta, considerando-a, na prática, uma tentativa de “retaliação aos sindicatos”.

De acordo com Monike da Silva, presidente do Sinfar, a administração municipal tenta enfraquecer o movimento sindical ao propor a não remuneração dos servidores cedidos aos sindicatos. “O projeto visa calar as vozes que denunciam irregularidades e defendem os direitos dos trabalhadores”, afirmou.

Os servidores também questionam a alegação de que o projeto busca alinhar-se às leis federais ou equilibrar o orçamento público. Eles apontam que menos de um terço dos servidores no município possuem vínculo efetivo, enquanto grande parte ocupa cargos temporários e comissionados, o que, segundo eles, contribui para os gastos elevados da Prefeitura.

Críticas e Debate Técnico

Keslon Borges, fiscal de carreira e especialista em gestão pública, destacou que o projeto carece de embasamento técnico. “Não foram apresentados estudos ou dados específicos para justificar essas mudanças. O projeto é intuitivo e faz referência a contextos federais que não correspondem à realidade local”, afirmou.

Além disso, os sindicatos defendem a realização de novos concursos públicos e o preenchimento de cargos estratégicos com servidores efetivos, como alternativa para a crise financeira e a eficiência administrativa.

O cenário atual

Hoje, Araguaína possui 7.730 servidores, sendo 5.325 ocupando cargos temporários ou comissionados — o que representa quase 70% da força de trabalho municipal. Para os sindicatos, esse número reforça a necessidade de revisão de práticas administrativas e valorização dos servidores concursados.

Monike da Silva enfatizou que a solução para a crise fiscal da Prefeitura não pode recair sobre os servidores efetivos, que “são os pilares do bom funcionamento da máquina administrativa”. Segundo ela, a proposta prejudica aqueles que cumprem suas funções com transparência e imparcialidade, ao mesmo tempo em que deixa de enfrentar questões estruturais na gestão pública.

Os sindicatos aguardam agora uma resposta da gestão municipal e uma maior transparência no debate, enquanto a Câmara de Vereadores segue com a análise do projeto. Até que haja uma definição, os servidores permanecem em estado de greve.

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