Washington (06) de novembro de 2024 — Donald Trump, de 78 anos, conquistou sua reeleição à presidência dos Estados Unidos, ultrapassando a marca dos 270 votos do Colégio Eleitoral e garantindo um segundo mandato no cargo. A vitória foi confirmada após sua surpreendente vitória no estado de Wisconsin, um dos “estados-pêndulo” mais disputados, e se consolidou com outras vitórias cruciais em estados como Pensilvânia, Carolina do Norte, Geórgia e Michigan. Trump assume o cargo em 20 de janeiro de 2025, após um período de quatro anos fora da Casa Branca.
A Rota para a Vitória
Com a contagem de votos ainda em andamento, Trump já havia ultrapassado a margem necessária para garantir a vitória, impossibilitando uma recuperação significativa por parte de sua adversária, Kamala Harris. O ex-presidente, que havia perdido para Joe Biden nas eleições de 2020, retorna ao cargo de forma histórica. Sua reeleição é vista como um feito notável, considerando as circunstâncias de sua derrota anterior e o cenário político polarizado que marcou sua primeira gestão.
Além de Wisconsin, Trump garantiu vitórias em vários estados chave que decidiram a eleição. A disputa acirrada nos “swing states” (estados-pêndulo), como Arizona, Nevada e Michigan, foi crucial para o resultado. Estes estados, onde o apoio ao Partido Republicano e ao Partido Democrata flutua a cada eleição, foram decisivos no somatório de delegados do Colégio Eleitoral que deram a Trump a vitória. A confirmação da vitória, embora ainda sujeita a algumas contagens de votos, foi amplamente projetada por agências de notícias como a AP e celebrada por autoridades internacionais.
Uma Vitória em Meio à Controvérsia
A reeleição de Trump também é acompanhada de um contexto jurídico inédito: o ex-presidente se torna o primeiro presidente dos EUA a conquistar o cargo enquanto enfrenta múltiplos processos judiciais. Em maio de 2024, Trump foi condenado por fraude contábil, relacionado ao pagamento de US$ 130 mil para suprimir uma alegação de assédio sexual durante a campanha de 2016. A condenação não impediu sua vitória, mas adiciona um novo capítulo controverso à sua trajetória política.
Além disso, Trump ainda é réu em processos envolvendo tentativas de reverter os resultados da eleição de 2020, que culminaram na invasão do Capitólio em janeiro de 2021, e outras acusações. Embora tenha a chance de assumir novamente a presidência, o republicano poderá enfrentar julgamento e até possível condenação durante o seu novo mandato.
A Nova Composição do Congresso
A eleição de Trump também resultou em uma significativa mudança no Congresso. Os republicanos conquistaram a maioria no Senado, com a troca de 34 cadeiras, revertendo a situação dos últimos quatro anos, quando os democratas mantinham uma leve vantagem. Na Câmara dos Representantes, a contagem de votos ainda estava em andamento na manhã desta quarta-feira, mas os republicanos já haviam garantido 198 cadeiras, contra 180 dos democratas, com outros 57 assentos ainda em disputa.
Este fortalecimento do Partido Republicano no Congresso promete facilitar a governabilidade de Trump, especialmente em um cenário onde ele já indicou planos para uma agenda política mais agressiva, com ênfase em políticas de imigração e revisões nas relações internacionais dos EUA.
Discurso de Vitória e Promessas para o Futuro
Na madrugada de quarta-feira, Trump fez um discurso de vitória em Mar-a-Lago, na Flórida, onde reafirmou suas promessas de uma administração voltada para o combate à imigração ilegal e uma agenda de “promessas cumpridas”. O ex-presidente destacou a necessidade de unir os americanos, prometendo governar para todos, apesar da polarização política que caracteriza os EUA atualmente. Seu slogan de campanha, “promessas feitas serão cumpridas”, refletiu seu compromisso de continuar com a agenda nacionalista e conservadora que o consagrou no primeiro mandato.
Trajetória de Trump: Polêmicas e Conquistas
Donald Trump chegou à Casa Branca em 2016, após uma vitória surpreendente sobre Hillary Clinton, e em seu primeiro mandato marcou a política americana com um estilo combativo e políticas muitas vezes controversas. Durante sua presidência, ele implementou políticas econômicas voltadas para os interesses empresariais, nomeou três juízes para a Suprema Corte, retirou os EUA de acordos internacionais como o Acordo de Paris sobre o clima e renegociou a relação do país com aliados como a OTAN.
No campo internacional, a gestão Trump foi marcada pela ruptura com o acordo nuclear com o Irã e pela intensificação das tensões comerciais com a China. No entanto, suas políticas de imigração e o constante ataque à “esquerda radical” nos EUA o mantiveram no centro do debate político nacional.
Trump também foi alvo de dois impeachments durante sua presidência — o primeiro em 2019 por abuso de poder e obstrução do Congresso, e o segundo em 2021 por incitação à insurreição, após a invasão do Capitólio por seus apoiadores. No entanto, em ambos os casos, ele foi absolvido pelo Senado.
Perspectivas para o Novo Mandato
Agora, com a reeleição, Trump promete continuar a implementar sua visão de um país mais protecionista e conservador, com uma ênfase em políticas de segurança, imigração e uma forte retórica contra a esquerda. Sua reeleição também representa o fortalecimento da ala mais radical do Partido Republicano, com um foco em “America First” e um aprofundamento da divisão política interna dos EUA.
Com uma fortuna estimada em US$ 6,5 bilhões e uma marca pessoal construída ao longo de sua carreira empresarial e sua participação como apresentador do programa de TV The Apprentice, Trump se apresenta novamente como uma figura central na política americana — uma figura que continua a dividir, mas também a mobilizar milhões de eleitores em todo o país.
À medida que se aproxima a data de sua posse, a nação aguarda para ver como Trump navegará pelos desafios legais e políticos que marcarão seu retorno à Casa Branca. Será um mandato decisivo, tanto para ele quanto para os rumos da política dos Estados Unidos.
