O Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins encerrou as buscas pelo menino indígena de 11 anos, Bruno Karajá. Ele desapareceu no dia 21 de janeiro, na Ilha do Bananal. A equipe informou que as atividades foram encerradas neste domingo (4), depois de 14 dias de varreduras dos militares e órgãos parceiros na região em que a criança foi vista pela última vez.
A última estratégia utilizada pelas equipes de buscas havia sido entrar em contato com a aldeia Utaria, que fica próxima do local de desaparecimento, a procura de novas informações, e depois percorrer possíveis áreas de interesse próximas à região de mata da aldeia.
Segundo os bombeiros, durante as buscas foram sobrevoados mais de 220 hectares de área utilizando drones. Cada militar percorreu mais 120 km de distância nas áreas de interesse. Além do trabalho com cães farejadores e de indígenas voluntários por terra, foram percorridos mais de 40 km nas margens do Rio Araguaia com embarcações.
O local onde as buscas estavam concentradas fica entre as cidades de Santa Terezinha (MT) e Pium (TO).
Participaram das buscas as equipes do Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins, Corpo de Bombeiros Militar do Mato Grosso, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Centro Integrado de Operações Aéreas do Estado do Mato Grosso (CIOPAER-MT), Grupamento Aéreo da Polícia Militar do Tocantins (GRAER-TO), Polícia Militar do Estado do Tocantins, Centro Integrado de Operações Aéreas do Tocantins (CIOPAER-TO), Secretaria de Estado dos Povos Originários do Tocantins (SEPOT) e Fundação Nacional do Índio (FUNAI).
‘Aldeia está triste’
Desde o dia do desaparecimento de Bruno todas as atividades comuns dos povos Karajás foram suspensas na aldeia.
“Aqui na aldeia está tudo parado. Parou tudo. Festas, rituais, cultura… tudo parado por causa do Bruno desaparecido. A aldeia está triste”, relatou o tio.
A aldeia compartilha o sofrimento dos pais e dos seis irmãos de Bruno. As buscas mobilizam a comunidade desde o dia 21 de janeiro. Os indígenas se organizavam em mutirões para participarem dos trabalhos durante toda a madrugada. Na segunda-feira (22) os bombeiros chegaram ao local. A equipe cresceu progressivamente a medida em que barreiras climáticas e geográficas atrasavam as buscas.
A rotina das mulheres indígenas também não era mais a mesma. Os grupos que em outros tempos se reuniam para coletar frutas, agora entram na mata fechada esperando encontrar pegadas, ou qualquer vestígio do menino.
Resumo das buscas
Inicialmente as buscas foram feitas pelos próprios indígenas no dia 21, após Bruno desaparecer. Nesse dia um vaqueiro disse ter visto a criança a cerca de 15 km da aldeia Macaúba.
Na segunda-feira (22), equipes do Grupamento Aéreo da Polícia Militar em apoio ao Grupo de Resgate dos Bombeiros foram até a região onde o menino desapareceu. Lá eles rastrearam vestígios e pegadas do menino. No dia chovia muito e a água chegou a apagar algumas marcas.
Na terça-feira (23), um grupo de indígenas esteve durante a noite na mata para intensificar as buscas. Segundo o tio do menino, Urania Karajá, foram encontradas evidências de que a criança estava na região.
No dia 24, as equipes que já atuavam nas buscas receberam apoio de militares do Mato Grosso. A família chegou a ter um pequeno alívio ao receber a notícia de que um cacique de uma aldeia da região teria avistado a criança, mas que ao tentar chegar perto, o menino teria corrido. Ainda na quarta-feira, o último cachorro que o acompanhava Bruno voltou sozinho para casa.
As buscas continuaram na quinta-feira (25), mas não houve pistas sobre o menino. Na sexta-feira (26), um helicóptero da Polícia Militar de Mato Grosso foi para a Ilha do Bananal e sobrevoou a região para ajudar nas buscas. No mesmo dia representantes das forças de segurança e indígenas se reuniram para estabelecer novas estratégias.
No sábado (27) os trabalhos começaram por volta de 12h por causa das chuvas intensas na região. Segundo os bombeiros, os serviços foram feitos em uma área bem maior se comparado aos dias anteriores e muitos indígenas ajudaram nas buscas. No final da tarde um helicóptero voltou para Palmas. Na região continuaram bombeiros, indígenas e três militares do Mato Grosso.
Mesmo com todo o suporte não foram encontradas pistas de Bruno no domingo (28) e na segunda-feira (29).
O último indício da possível localização de Bruno surgiu no dia 31 de janeiro, quando os militares perceberam que um dos cães farejadores apresentou comportamento diferente em determinado ponto da varredura com a equipe.