24 de novembro de 2024 - 08:49
Saúde Brasil

Cannabis medicinal: O que a ciência revela sobre seu uso em doenças crônicas

Qual a diferença entre THC e CBD? Em quais doenças o uso é recomendado? Especialista explica.

Discutir o uso medicinal da cannabis ainda é um tema cercado de tabus. No entanto, hoje em dia, podemos aproveitar os diversos benefícios que os canabinoides extraídos da planta oferecem para a saúde e a qualidade de vida. Por isso, é fundamental desmistificar algumas questões e entender para que serve o canabidiol.

Nos últimos anos, a cannabis medicinal tem se destacado como uma alternativa promissora no tratamento de doenças crônicas no Brasil. Pacientes que enfrentam condições como dor persistente, epilepsia, fibromialgia e doenças autoimunes estão encontrando na planta uma nova esperança para melhorar a qualidade de vida.

O canabidiol, ou CBD, é um dos canabinoides da cannabis que tem ganhado destaque no uso medicinal. Ele pode ser uma opção complementar ou oferecer tratamentos eficazes para várias condições, incluindo doenças crônicas, degenerativas e alívio de dores.

A extração do canabidiol deve ser feita por meio de um processo seguro em laboratório. Por isso, a importação de CBD só é permitida na forma de óleo ou medicação. Também é possível receber treinamento para sua extração, mas sempre sob a supervisão dos órgãos responsáveis.

Atualmente, uma das principais técnicas de extração do canabidiol é a extração a frio. Nesse método, flores da cannabis são colocadas sobre uma cera específica para uso medicinal, em uma placa de vidro. Diariamente, essas flores são substituídas por novas. A cera remove os componentes do canabidiol, que, em seguida, passa por um filtro para eliminar impurezas, sendo destilada a baixa temperatura.

Como a cannabis pode ajudar?

A cannabis medicinal é obtida da planta Cannabis sativa e contém mais de 100 compostos chamados canabinoides. Os mais conhecidos são:

  • THC (delta-9-tetrahidrocanabinol): responsável pelos efeitos psicoativos, mas também possui propriedades terapêuticas, como alívio da dor.
  • CBD (canabidiol): não é psicoativo e é famoso por suas qualidades anti-inflamatórias e ansiolíticas.

Esses compostos interagem com o sistema endocanabinoide do corpo, que regula funções essenciais como dor, humor e sono, oferecendo alívio para diversas condições.

Como funciona o tratamento?

A cannabis pode ser administrada de várias maneiras: extratos, óleos, sprays e cápsulas. A dosagem e a proporção entre THC e CBD são personalizadas de acordo com a doença e as necessidades do paciente, sempre sob a supervisão de um médico.

É bom lembrar que, como qualquer medicamento, a cannabis pode ter efeitos colaterais. O THC pode causar tontura e sonolência, enquanto o CBD tende a ter um perfil de efeitos colaterais mais suave.

O que a ciência diz?

A pesquisa sobre a cannabis medicinal tem avançado, e muitos estudos mostram que seus canabinoides podem ser eficazes em várias situações, como:

  1. Dor Crônica: A cannabis pode ser uma alternativa para quem não responde bem a tratamentos tradicionais, com o THC ajudando a aliviar a dor.
  2. Epilepsia: O CBD tem se mostrado eficaz em formas raras de epilepsia, como a síndrome de Dravet.
  3. Náusea e Vômito da Quimioterapia: Estudos indicam que a cannabis pode ajudar a combater náuseas e vômitos em pacientes que não reagem a outros medicamentos.
  4. Esclerose Múltipla: Pacientes relatam alívio da espasticidade e melhora na qualidade de vida com tratamentos à base de cannabis, principalmente com THC.
  5. Transtornos de Ansiedade: Pesquisas iniciais sugerem que o CBD pode ajudar a reduzir a ansiedade, mas ainda há muito a ser estudado.
  6. Doenças Autoimunes: Os canabinoides possuem propriedades anti-inflamatórias que podem beneficiar condições como artrite reumatoide.

E a cannabis é para todos?

Nem todos os pacientes reagem da mesma forma ao tratamento com cannabis, por isso é essencial ter acompanhamento médico para ajustar doses e monitorar efeitos.

Com o aumento do acesso à cannabis medicinal e o avanço das pesquisas, cresce a esperança de que mais pacientes encontrem um caminho para uma vida com menos dor e mais bem-estar. A jornada pode ser desafiadora, mas com novas abordagens, há motivos para acreditar em um futuro mais confortável.

Explicação da especialista: *Dra. Ionata Smikadi, é médica Associada SBEC. Formada pela Universidade Estácio de Sá e pela Columbia University. CRM 123320-3

Tags relacionadas:

Brasil , Cannabis , Curiosidade , Destaques , Saúde

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