
No Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna, lembrado nesta terça-feira (28), a Secretaria de Estado da Saúde do Tocantins (SES-TO) fez um alerta sobre o aumento dos casos de mortes de mulheres durante a gestação, o parto e o pós-parto. Só em 2024, já foram registrados 17 óbitos no estado. Este ano, até o momento, outros cinco casos já foram confirmados.
As principais causas dessas mortes são síndromes hipertensivas, como eclampsia, hemorragias graves e infecções após o parto. Muitos desses casos poderiam ter sido evitados com acompanhamento médico adequado desde o início da gestação.
Baixa adesão ao pré-natal preocupa
Dados do Sistema de Informação em Saúde para Atenção Básica (SISAB) apontam que, em 2024, o Tocantins tem uma estimativa de 25.459 gestantes. No entanto, apenas 1.096 realizaram seis ou mais consultas de pré-natal — o número mínimo recomendado pelo Ministério da Saúde. A baixa procura por esse cuidado essencial aumenta o risco de complicações e contribui para a mortalidade.
Rede de maternidades e incentivo aos profissionais
Atualmente, o Tocantins possui 18 maternidades, sendo 14 sob gestão estadual, três municipais e uma filantrópica. Dessas, duas oferecem atendimento de alta complexidade — localizadas em Palmas e Araguaína. A rede estadual conta com 125 ginecologistas e obstetras.
Em 2024, o Governo criou a Indenização por Procedimentos Obstétricos (IPO), uma forma de incentivo financeiro aos profissionais de saúde que atuam diretamente nos atendimentos obstétricos, com o objetivo de melhorar a qualidade do atendimento nas unidades públicas.
Capacitações e prevenção
Como forma de combater a mortalidade materna, a SES realiza cursos mensais e seminários voltados para profissionais do SUS. Um exemplo é o curso “Juntos pela Vida”, promovido pela Escola Tocantinense do SUS (ETSUS), que capacita trabalhadores da saúde para atuar na prevenção e no monitoramento de óbitos maternos.
Essas ações estão alinhadas à Agenda 2030 da ONU, com foco nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que tratam da saúde de qualidade e igualdade de gênero.
Comitê atua na prevenção
Criado em 2002 e reativado em 2023, o Comitê Estadual de Prevenção da Mortalidade Materna, Fetal e Infantil (CEPOMFI) atua de forma sigilosa e educativa, avaliando os casos de mortes e propondo melhorias nas políticas públicas de saúde da mulher. O grupo é formado por profissionais da área técnica e instituições parceiras.
“Muitas mortes são evitáveis”, diz especialista
Para a diretora de Atenção Primária da SES, Cleidimar Rodrigues, garantir o acesso ao pré-natal de qualidade e atendimento em rede é prioridade. “Estamos trabalhando para que as gestantes recebam atenção desde a base até os hospitais de urgência e emergência”, disse.
A enfermeira Raquel Marques, presidente do CEPOMFI, reforça que as mortes poderiam ser evitadas. “O problema começa com a falta de acesso precoce à saúde, diagnóstico tardio e desigualdades sociais. Precisamos falar sobre isso para salvar vidas”, finalizou.
Por: Warley Costa | Portal Imediato.